Sete cães mestiços matam vigia no bairro de Valéria

Cães que atacaram vigia permaneciam no canil nesta terça à tarde

Sete cães mestiços atacaram, na noite de segunda-feira, 30, o operador de máquinas Domingos Jurandi Xavier de Jesus, 24, na área externa da empresa LCA Reciclagem Carvalho, na Rua G, em Valéria. Policiais e familiares contaram que ele teve braços e pernas dilacerados e morreu no local. O fato só foi comunicado à polícia às 7h desta terça.

Imagens de duas câmeras mostram um homem abrindo o portão da fábrica, por volta das 21h30 de segunda. Segundo o dono da empresa, Suede Dantas, e o advogado Charles Sacramento, essa pessoa seria Domingos Jurandi.

Na sequência das imagens (pouco nítidas), o homem fecha o portão e escora uma bicicleta na parede. Às 21h34, vê-se um homem tentando se defender e afastar os cães com uma espécie de bolsa. Às 21h35, a filmagem mostra os cachorros agitados, mordendo um alvo não visível, em um canto próximo ao portão.

Às 13h desta terça, os animais estavam no canil, a cerca de 100 metros do corpo do operário, coberto por um pano, próximo a entulhos. O cadáver só foi removido ao Instituto Médico-Legal às 15h30. Militares informaram que desde às 7h tinham comunicado o fato.

Da rua – Familiares da vítima e a empresa informaram que Domingos conhecia os cães há um ano, tempo que trabalhava na fábrica. Segundo o dono da empresa, os animais foram trazidos da rua. “Foi uma fatalidade”, disse Suede.

“Ele cuidava dos cães, dava comida. Não sei se ele chegou com um cheiro diferente, mas os animais estranharam”, falou o advogado Charles. “Ele conhecia os cachorros”, confirmou Genival Santana, cunhado da vítima. Ele contou que Domingos saiu para trabalhar por volta das 21h: “Ele pegava de 22h às 6h. Deu 9h, ele não chegou, eu fui lá procurá-lo, a empresa não avisou nada”. Genival também trabalha na fábrica.

Primo de Domingos, o ex-funcionário da LCA Ademário Santana disse que a empresa “tem que se responsabilizar pela morte”. A mulher dele, Fernanda Cândido, 31, reclamou que a LCA não ofereceria segurança aos funcionários. “Não é a primeira vez que isso acontece. Os cachorros já rasgaram a farda de outro funcionário”, afirmou. Fernanda também acusou a fábrica de funcionar na clandestinidade. O advogado Charles Sacramento rebateu: “É uma empresa constituída, com CNPJ e funcionários registrados. A vítima tinha carteira assinada”.

Domingos deixou mulher e um bebê de três meses.

George Brito

Eduardo Martins / AG. A TARDE