Vinte jogadores que disputam este Mundial têm alguma relação familiar. Na maioria das vezes são companheiros, mas dois irmãos serão adversários

Família Copa: pais, irmãos, primos, sogros e genros em ação na África

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Por Rafael Maranhão Direto de Rustemburgo, África do Sul

Eles chamam-se Weiss, Bradley, Palacios, Barreto, Boateng, Aguero-Maradona. São pais, filhos, irmãos, primos, genros, sogros, e transformam a Copa do Mundo num ambiente bem familiar. Nunca antes na história dessa competição um Mundial teve tantos parentes envolvidos como em 2010 na África do Sul. Um grupo que conta com treinadores e jogadores; companheiros de equipe e até adversários.

Pais técnicos e filhos jogadores no mesmo time, sogro que convocou genro, irmãos que irão se enfrentar em campo ainda na primeira fase. A Copa do Mundo da África do Sul está cheia de relações familiares

É o caso dos meio-irmãos Jerome e Kevin Prince. Famílias às vezes também têm suas brigas e a dos Boateng foi daquelas sérias. Nascidos na capital alemã Berlim e filhos do mesmo pai ganês, eles seguiram caminhos parecidos até Kevin aceitar o convite da seleção africana para disputar a Copa. Alemanha e Gana se enfrentam dia 23 em Joanesburgo pondo frente a frente dois parentes que mal se falam desde que Jerome criticou Kevin pela violenta entrada que tirou do Mundial o ídolo alemão Michael Ballack.

Mesmo depois de tanto tempo jogando juntos, ainda é uma grande alegria atuar ao lado do meu irmão”

Yaya Touré, da Costa do Marfim e irmão de Kolo

A relação entre irmãos defendendo a mesma equipe na África do Sul é menos conturbada. São três exemplos: os famosos Yaya Touré (volante) e Kolo Touré (zagueiro) na Costa do Marfim, que enfrenta o Brasil no domingo; o meia Edgard Barreto e o goleiro Diego Barreto no Paraguai; além do meia Wilson Palacios e do zagueiro Jhony Palacios.

– Mesmo depois de tanto tempo jogando juntos, ainda é uma grande alegria atuar ao lado do meu irmão em campo – disse Yaya Touré.

A lista poderia ser maior, caso o treinador mexicano Javier Aguirre não tivesse cortado o meia Jonathan dos Santos, do Barcelona, que poderia fazer companhia ao irmão Giovani.

A tradição dos irmãos defendendo a mesma equipe vem desde a primeira partida da história das Copas, quando Manuel e Felipe Rosas estiveram em campo pelo México na derrota por 4 a 1 para a França em Montevidéu. A lista inclui ainda os campeões mundiais Otmar e Fritz Walter (Alemanha, 1954) e Bobby e Jack Charlton (Inglaterra, 1966).

A Copa de 2010 conta com dois casos de uma relação familiar mais rara de acontecer: pais que convocam seus filhos para o Mundial. Os Weiss, da Eslováquia, têm talento para o futebol, mas pouca criatividade para nomes. Avô, pai e filho chamam-se Vladimir e jogaram pela seleção. O pai treinador defende o filho meia.

– As pessoas viram que ele merecia a convocação e que eu não fiz nada de errado ao chamá-lo – afirmou Vladimir Weiss.

AS RELAÇÕES FAMILIARES NA COPA DO MUNDO DE 2010

ARGENTINA O técnico Diego Maradona é sogro do atacante Sérgio Aguero
HOLANDA O técnico Bert Van Marwijk é sogro do volante Mark Van Bommel
ESTADOS UNIDOS O técnico Bob Bradley é pai do meia Michael Bradley
ESLOVÁQUIA O técnico Vladimir Weiss é pai do meia Vladimir Weiss
HONDURAS O meia Wilson Palacios é irmão do defensor Jhony Palacios
COSTA DO MARFIM O volante Yaya Touré é irmão do zagueiro Kolo Touré
PARAGUAI O meia Edgard Barreto é irmão do goleiro Diego Barreto
CAMARÕES Rigobert Song e Alexanders Song são primos e companheiros de seleção
ESLOVÊNIA O goleiro titular Samir Handakovic é primo do seu reserva Jasmin Handakovic
ALEMANHA x GANA Os irmãos Jerome Boateng e Kevin Prince Boateng estarão de lados opostos no dia 23

Nos Estados Unidos, o treinador Bob Bradley também deu uma chance ao filho e volante Michael.

– Ele é um atleta profissional e sabe que trabalho vem em primeiro lugar quando estamos juntos na seleção. É preciso manter o respeito pelo grupo – disse Bob.

As pessoas viram que ele (seu filho) merecia a convocação e que eu não fiz nada de errado ao chamá-lo”

Vladimir Weiss, técnico da Eslováquia

A primeira vez que um pai convocou um filho para a Copa foi em 1966, quando o treinador uruguaio Ondino Viera levou o filho Milton para o Mundial da Inglaterra. Depois, repetiu-se na seleção italiana em 1998, com o treinador Cesare e o capitão Paolo Maldini e na seleção croata, em 2006, com o técnico Zlatko e o meia-atacante Niko Kranjcar na Croácia.

Este é outro grupo que poderia ser ainda maior caso o zagueiro sérvio Dusan Petkovic não tivesse abandonado a seleção de Sérvia e Montenegro antes da Copa de 2006 para por fim às críticas e acusações de nepotismo ao seu pai, Ilija, então treinador da seleção.

Na África do Sul há ainda o caso dos primos camaroneses Rigobert e Alexanders Song e dos eslovenos Samir Handakovic e Jasmin Handakovic, ambos goleiros.

A principal novidade nas relações de parentesco da Copa de 2010 é a parceria sogro-genro. Na Holanda, o meia Mark van Bommel voltou à seleção quando o sogro Bert van Marwijk assumiu no lugar de Marco van Basten. Mas o caso mais famoso é o da Argentina. O atacante Sergio Aguero é casado com a filha do treinador Diego Maradona e pai do primeiro neto dele. Benjamin Aguero Maradona nasceu em março e já ajudou a fazer do futebol um assunto ainda mais familiar.