Administração Municipal formaliza interesse em sediar Congresso Brasileiro da Mandioca

Na tarde desta terça-feira, a Administração Municipal se reuniu com
professores, com representantes da Coopasub e com representantes do
Sebrae.

O objetivo foi definir as últimas estratégias que serão apresentadas
pelo município, na sexta-feira, em Salvador, para formalizar o
interesse em sediar o Congresso Brasileiro da Mandioca em 2013.

Na ocasião, serão apresentadas as potencialidades de Vitória da
Conquista, que compete com Santo Antônio de Jesus e Salvador. Congresso
Brasileiro da Mandioca – O congresso já está em sua 14ª edição e conta
com mesas redondas, conferências, painéis, apresentações de trabalhos
técnicos e premiações. O público é formado por agricultores,
cientistas, universitários, engenheiros e técnicos de agronomia,
empresários e os segmentos envolvidos direta e indiretamente com a
cultura da mandioca no Brasil.O evento já passou por diversas cidades
brasileiras, a exemplo de Salvador, Brasília, Fortaleza, Londrina,
Recife, Manaus, entre outras, e este ano será a vez de Maceió.

Embrapa pesquisa mandioca para indústrias de
amidoDesenvolvimento da indústria de fécula
de mandioca no Brasil tem demandado novas variedades

com teores de amido mais elevados nas raízes
e qualidade que agregue valores ao produto

Wania
Maria Gonçalves Fukuda (*)

A cultura da mandioca apresenta, em média,
30% de matéria seca nas raízes,
já tendo sido encontrado, na espécie
Manihot esculenta, até 45% de matéria
seca. Os teores de matéria seca nas raízes
são altamente correlacionados com os teores
de amido ou fécula, dependendo da variedade
do local onde se cultiva, da idade e época
de colheita.

Vários estudos sobre o potencial de produção
de amido foram desenvolvidos com a cultura da
mandioca no Brasil, observando-se uma ampla diversidade
genética da espécie para este fator,
variando de 5% a 43%.

O desenvolvimento da indústria de fécula
de mandioca no Brasil tem demandado novas variedades
com teores de amido mais elevados nas raízes
e qualidade que agregue valores ao produto.

Um dos objetivos do Programa de Melhoramento Genético
da Embrapa Mandioca e Fruticultura é elevar
o teor de amido nas raízes de mandioca
e identificar novos tipos de amido para a utilização
na indústria.

Durante os últimos 10 anos foram selecionadas
e recomendadas pelo CNPMF 21 variedades de mandioca
para a indústria da fécula e farinha,
adaptadas aos ecossistemas de tabuleiros Costeiros,
Recôncavo da Bahia e Semi-Árido do
Nordeste brasileiro.

No ano passado foram recomendadas pelo CNPMF,
para o Semi-Árido brasileiro, as variedades
Arari, Mani-Branca e o híbrido Formosa,
com teores de matéria seca na raiz em torno
de 39% (Arari e Mani Branca); e, 40% (Formosa),
aos 18 meses de idade. (Fotos 1,2 e 3).

Este ano a Embrapa Mandioca e Fruticultura estará
lançando as variedades Prata e Moreninha,
para indústria de farinha e de amido, adaptadas
ao Nordeste com teores de matéria seca
nas raízes em torno de 38%. (Fotos 4 e
5).

Com exceção da variedade Formosa
as demais variedades apresentam película
e polpa branca, uma das características
importantes para o produtor de amido do Nordeste.
(Fotos 4 e 5).

A mandioca é uma cultura rústica,
adaptada às condições marginais
de clima e solo. Constitui uma das mais importantes
fontes de carboidratos de 600 milhões de
pessoas em vários países tropicais
do mundo. É considerada uma planta completa
com suas raízes ricas em carboidratos,
e folhas ricas em proteínas, vitaminas
A e C, além de outros nutrientes.

Nos últimos 10 anos, consideráveis
avanços foram feitos pela pesquisa, no
sentido de se identificar novos potenciais dessa
cultura, capazes de contribuir na melhoria do
status nutricional das populações
com graves problemas de desnutrição,
situadas nos trópicos, particularmente
no Nordeste brasileiro, onde a mandioca constitui
um dos principais cultivos.

Betacaroteno e Licopeno – foi
constatado que, além de carboidratos, a
mandioca é uma excelente fonte de betacarotenos,
precursores da Vitamina A, nas raízes de
coloração amarela; e, de licopeno,
nas raízes de coloração rosada.
Essa correlação foi mais uma descoberta
importante da pesquisa, facilitando e agilizando
o processo de identificação e seleção
de variedades com maior potencial de carotenos
nas raízes.

Os teores de betacaroteno (pró-vitamina
A) nas raízes de mandioca, é um
caráter governado por poucos genes e de
fácil manipulação pelos métodos
convencionais de melhoramento genético.
Com isso, estima-se que é fácil
obter-se variedades de mandioca com teores mais
elevados de caroteneoides nas raízes, superiores
àqueles já encontrados no germoplasma
nativo (variedades crioulas).

Variedades com raízes amarelas são
comuns em todo o país, com maior concentração
de diversidade genética na região
Norte e parte do Nordeste, sendo que na região
Norte as mandiocas com raízes amarelas
são bravas, e usadas, preferencialmente,
na indústria da farinha.

Nas demais regiões do país, as
variedades de mandioca com raízes amarelas
são preferidas para o consumo de mesa,
também chamadas de aipim e macaxeira. Variedades
com colorações alaranjadas e rosadas
são mais raras na natureza. Já as

variedades de polpa branca são usadas para
a indústria da fécula e da farinha.

A ocorrência de deficiência de vitamina
A em regiões do Nordeste brasileiro, onde
a mandioca é cultivada e faz parte do hábito
alimentar destas populações, coloca
esta cultura em posição privilegiada
como alternativa viável no combate à
fome nutricional destas populações.

Melhoramento genético
– a Embrapa mandioca e Fruticultura Tropical vem
desenvolvendo trabalhos de melhoramento genético,
com os objetivos de identificar e gerar novas
variedades de mandioca ricas em carotenoídes
nas raízes. Iniciou o processo com avaliação
do seu banco de germoplasma, com 1800 acessos.

Destes, selecionou inicialmente 72 variedades
com coloração amarelas nas raízes,
e identificou variedades apresentando teores carotenoídes
totais de até 15,51 µ/g de polpa
fresca. Estes resultados mostram o grande potencial
que apresenta a cultura da mandioca como suprimento
potencial de vitamina A.

Desde que a deficiência de vitamina A
é resultante de uma dieta inadequada, a
identificação e utilização
de variedades de mandioca com teores mais elevados
de carotenóides nas raízes, pode
minimizar os problemas da fome nutricional.

É evidente que muitos estudos, do ponto
de vista nutricional, envolvendo aspectos de biodisponibilidade
de vitamina A, a partir de mandioca, no organismo
do homem necessitam ser realizados para confirmar
a eficiência da cultura da mandioca na redução
dos efeitos da avitaminose A na população.
A exploração do germoplasma de
mandioca para teores de carotenoídes nas
raízes, e de outros elementos importantes
para a nutrição humana, pode dar
um novo enfoque à cultura da mandioca como
alimento.

A associação de variedades amarelas
com baixos teores de ácido cianídrico
nas raízes pode maximizar o aproveitamento
da vitamina A durante o seu consumo, já
que exige um processamento mínimo, com
menores perdas do betacaroteno contido nas raízes.

 

Foto 1 – Variedade Arari

Foto 2 – Variedade Mani-Branca

Foto 3 – Variedade Formosa

Foto 4 – Variedade Prata

Foto 5 – Variedade Moreninha

Mercado – ultimamente, o mercado
de mandioca para mesa tem se intensificado e diversificado
bastante, originando demandas em termos de qualidade
de raízes com características específicas
para fabricação de chips, palitos
e fritas, com e sem pré-cozimento.

Dentre as variedades de polpas coloridas foram
selecionadas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura,
as variedades BRS Dourada e BRS Gema de Ovo, ambas
de coloração amarela; e, a variedade
BRS Rosada, de coloração avermelhada,
que além de apresentarem qualidade para
o consumo de mesa, são ricas em carotenóides
nas raízes, precursor da vitamina A.

As variedades de coloração amarelas
apresentarem cerca de 4µ/g de polpa fresca
de carotenoídes totais na raiz; e, a variedade
Rosada, apresentou 15µ/g de carotenoídes
totais (Figura 1).

Figura 01: Variedades de mandioca de mesa Gema
de ovo (C), Cenoura Rosada (H) e Dourada (D)

A vantagem das variedades para mesa ricas em
carotenoídes é que o processamento
mínimo conserva melhor os teores de carotenoídes
nas raízes. Além de boa qualidade
para o consumo fresco cozido, a variedade BRS
Dourada destacou-se também para o consumo
fresco sob a forma de palito, sem cozimento (Figura
2) e na produção de farinha de copioba
da Bahia (farinha fina amarela).

Figura 02: Mandioca Palito da variedade dourada