Professores, parlamentares e gestores de educação conquistenses avaliam “Os efeitos da pandemia são catastróficos para o ensino aprendizagem, não só em Vitória da Conquista mas em todo o Brasil”.

“Nós, professores, entendemos que a educação é essencial à vida. A gente só não aceita que isso seja utilizado como uma cilada para trazer o profissional da educação e alunos para uma realidade de uma sala de aula sem segurança sanitária”. Com essa afirmação, a presidente do Sindicato do Magistério Municipal Público (Simmp), Elenilda Ramos, abriu sua participação na Audiência Pública sobre os efeitos da pandemia nos anos letivos de 2020 e 2021, proposta pelo vereador Orlando Filho (PRTB), e promovida pela Câmara Municipal nessa semana.
A perspectiva dos profissionais de educação é de que a situação causada pelo coronavírus já representa uma perda que vai levar anos para ser recuperada no setor. “Os efeitos da pandemia são catastróficos para o ensino aprendizagem, não só em Vitória da Conquista mas em todo o Brasil”, ponderou Elenilda Ramos.
Com esse panorama, os professores do município se adaptaram ao novo cenário para minimizar os danos da melhor forma possível. “Vitória da Conquista saiu na frente, enfrentou a pandemia e fez o ano letivo de 2020, com todas as suas dificuldades e desafios. O ensino remoto não abrangeu a todos e foi muito difícil para os professores e famílias. Foi muito tumultuoso, mas conseguimos”, relembrou.
Nem todos os alunos puderam ser alcançados, por falta de acesso à tecnologia e por falta de estrutura das famílias. Até os professores tiveram dificuldades em relação a equipamentos, mas foi possível, por exemplo, fornecer material impresso a estudantes que tiveram essa necessidade.
“O ensino remoto não é o ideal, mas é melhor que tenha esse formato do que nada. Porque entendemos que antes a vida e depois a educação”, analisa a professora.
Para a pedagoga e diretora de escola, Andreia Dias, a situação se tornou mais difícil com o prolongamento da crise. “A educação não parou. Acredito que nosso trabalho triplicou. Temos trabalhado incansavelmente para chegar a todos”, completou.
Já a vereadora do município de Salvador, Cristiane Correia, compartilhou suas impressões sobre a situação na capital e defende o retorno imediato às aulas presenciais. A médica Juscilene Leão, porém, enfatizou que o retorno é necessário, mas é preciso pesar os riscos e os benefícios.
Para o secretário municipal de Educação, Edgard Larry, a vacinação da rede é condição para o retorno às atividades presenciais, mas que a pasta já tem um protocolo para essa volta.
O Simmp, porém, entende que o momento é de trabalhar para reduzir os efeitos negativos da pandemia sobre educação, e não de retornar à sala de aula com a situação ainda tão grave. “No atual contexto em que se encontram as escolas municipais, esse retorno imediato não é possível, infelizmente”, reflete a presidente.
O desejo, nesse momento, é a imunização dos profissionais de educação e dos alunos que puderem ser vacinados, para evitar contaminação e mortes. “Assim o Simmp se posiciona contra o retorno imediato das aulas, pois não temos estruturas adequadas nas escolas, nem imunização dos alunos e o planejamento, que já devia ter sido feito há muito tempo, está sendo feito agora”, afirma.
Vale lembrar que em Vitória da Conquista, cerca de 95% dos leitos de UTI estão ocupados, já foram registradas mais de 500 mortes e a imunizacão ainda não chegou nem a 15% dos habitantes, de acordo com dados da Prefeitura Municipal.
O Simmp espera o bom senso da administração municipal, no sentido de manter as escolas fechadas, juntamente com outras medidas de restrição, no combate à disseminação da Covid19 e preservação de vidas em nosso município.

Fotos: screenshots da transmissão da audiência

Shirley de Queiroz
Jornalista
DRT – 2715